O delicioso sabor da boa esperança

Conheça a história da família Lopes, que há mais de um século se dedica à cafeicultura brasileira

Quando o consumidor de nossa região compra o Café Boa Esperança, além de levar um delicioso produto, ele leva para casa uma marca familiar que contém uma história riquíssima e que merece ser contada.

A empresa é de propriedade da Família Lopes, que há mais de um século trabalha na cafeicultura brasileira. Fernando Lopes, 39 anos, que é quem cuida parte administrativa, recebeu a equipe de reportagem do jornal Correio de Notícias e contou a história de sua família.

Ele explicou que o amor dos Lopes pelo café surgiu no século XX. “Minha família começou com a cafeicultura no Estado de São Paulo, desde o início dos anos de 1900, eles moravam em Pongaí [cidade às margens do Rio Tietê, próximo à Lins]. E quando ocorreu a segunda grande guerra, no ano de 1944, meu avô João Lopes mudou para o Paraná, juntamente com os seus 10 irmãos em cima de um caminhão”, iniciou a conversa.

Segundo Lopes, a mudança de estado se deu devido ao enfraquecimento do café em São Paulo. “O solo estava perdendo a qualidade. Naquela época não existia adubo, ninguém usava inseticida, nem agrotóxicos e a terra se enfraqueceu muito, por que aquela região é de solo de arenito, e com isso a cafeicultura decaiu naquela região”, contou o cafeicultor.

“Muitas pessoas diziam que as terras do Paraná eram produtivas, férteis e que precisava ser aberta, além de serem baratas. Em 1938, meu bisavô veio pra cá, andou por toda essa região, e minha família mudou-se em definitivo em 1944”, disse.

A mudança ocorreu na Estrada Sarandi em Marialva, saída para o distrito de Santa Fé. “Meu bisavô adquiriu 15 alqueires de terra, que foi derrubado no machado. O local onde eles moraram demorou cerca de um ano para ser construído, pois eles derrubavam as árvores, as perobas e utilizavam a madeira para fazer a casa, que foi edificada manualmente. Enquanto não ficava pronta, minha família morou de favor em uma outra propriedade em Marialva”, relatou.

“Naquela época, Marialva era uma vilinha muito pequena, com algumas casa, e Mandaguari já estava um pouco mais estruturada, por que a colonização dessas terras se deu graças à Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, que começou no Norte Velho e veio seguindo para o Norte Novo. Essa companhia comprou as terras e revendeu em pequenos lotes, com o objetivo de prosperar a plantação de café em nossa região”, explicou.

Algum tempo depois, o senhor João Lopes casou-se com a Tomaza Lopes (in memorian). “Com o casamento meu avô trabalhou algum tempo no sítio do meu bisavô e com essa renda ele adquiriu em 1962 uma propriedade na Estrada Keller, onde ainda pertence a nossa família, e inclusive o meu avô mora lá. Passados alguns anos, a família comprou uma chácara, que foi vendida para se comprar onde hoje é a sede da cafeeira, às margens da PR-444, em 1972”, explicou Lopes.

Os filhos do casal – Wilson, Edson e João Carlos – tomaram gosto pelo café e ajudaram os pais na lavoura. “Desde 1982, minha família já se fazia a exportação do café que era produzido nas propriedades. A venda era direta com o comprador, sem o atravessador. Em 1994, meu pai e meus tios, começaram a torrar o café e vender na feira”, disse Lopes.

“Era um trabalho de formiguinha. O café era torrado em torradeiras manuais e era vendido em pequenas quantidades. Como o café era puro e muito gostoso, a propaganda de boca a boca começou a disseminar na feira, e foi aumentando gradativamente a produção”, relatou.

Para Lopes, cada fase teve uma evolução. “No começo, o nosso café era vendido em saquinhos de plástico, depois colocamos o rótulo. Antes era amarrado, depois começou a ser selado. O crescimento foi bem tranquilo, sem muita afobação”, contou.

Fernando Lopes se formou em Geografia na Universidade Estadual de Maringá (UEM) no ano 2000, e até 2003 deu aula em colégios de Mandaguari e Jandaia do Sul, porém no final daquele ano decidiu abandonar a sala de aula e se dedicar na lavoura de café. “Nesse período que dava aula, eu chegava e já ia pra roça trabalhar, e fui vendo que aquilo poderia dar uma vida melhor. Abandonei as aulas e fui ajudar meus familiares. Foi então que começamos a comprar café de porcenteiros e armazenar no nosso sítio”.

“Os grandes supermercados de Mandaguari viram que o nosso café estava vendendo muito e tivemos essa entrada, ainda com os saquinhos. Como a gente tinha muito fluxo de café, mudamos a embalagem, isso foi no ano de 2004”, comentou.

A marca Boa Esperança está se tornando a referência em café na nossa região. “No Vale do Ivaí somos a segunda marca mais vendida e em Mandaguari somos disparadamente o café mais vendido na cidade. A explicação se dá pela qualidade do produto e por ser do município, isso facilita”, explicou Lopes.

Conhecedores da cafeicultura, a família Lopes presa pela qualidade. “Quando montamos a cafeeira e contamos para o nosso avô que iríamos comprar café de outros cafeicultores, ele concordou, mas deu algumas condições. Se nós pegarmos um quilo de café indevido, a gente iria se acertar com ele. O seu João é o nosso espelho de honestidade e sempre levamos isso conosco. Como trabalhamos com café a vida toda, conhecemos a qualidade do que nós compramos”, disse o cafeicultor.

O Café Boa Esperança é vendido na rota Nova Esperança – Maringá – Mandaguari – Arapongas – Vale do Ivaí. “Estamos entrando em Curitiba. Colocamos um representante e o nosso café está sendo bem aceito, por que nosso produto é 100% Arábico, e não contém nenhuma mistura, de boa bebida”.

“Temos muita área em nossa região para avançar. Vamos fazer alguns investimentos urgentes para ampliar a nossa torrefação, onde atenderemos a nossa demanda”, esclareceu Lopes.

Hoje estão à frente do Café Boa Esperança, Fernando Lopes que cuida da parte administrativa da empresa, Rogério Lopes, que é o chefe da Torrefação e Paulo Sérgio que está à frente da produção nas lavouras. “Nossos pais nos ajudam muito, e nossa intenção é que no futuro nossos filhos também tomem gosto pelo café e que possam cuidar da empresa também”, finalizou Lopes.

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