Economia brasileira e a “sensibilidade” do mercado

Entre os objetivos de política macroeconômica, grande desafio dos governantes, percebe-se a conquista da estabilidade de preços com os baixos níveis inflacionários dos últimos anos, bem como a projeção em torno de 3,0% para todo ano de 2019, bem abaixo da meta estabelecida pelas autoridades monetárias de 4,5% ao ano. Porém tais desafios ainda continuam grandes considerando que o alto nível de desemprego, a distribuição de renda ainda é socialmente injusta e o almejado crescimento econômico parece tão distante que quando supera o 0,0% (zero) ocorre um sentimento de alívio geral. Neste sentido salienta-se que a falta de emprego e renda, limitantes do consumo, são contribuintes para esta limitação do crescimento econômico, sinalizada pelo Produto Interno Bruto, o PIB brasileiro.

O equilíbrio tem se mantido distante da economia brasileira em função das disparidades constantes entre oferta e demanda no mercado de bens e serviços, no mercado de trabalho, no mercado monetário e no mercado de divisas.

Em se tratando do famoso “mercado” onde estão atuando todos os agentes econômicos, há de se destacar a sensibilidade dos empresários, pois quaisquer manifestações de tendências positivas ou negativas são sentidas rapidamente por estes. Tais fatos são percebidos praticamente em tempo real nas Bolsas de Valores do mundo e na brasileira “Brasil, Bolsa, Balcão – B3” cujo seu principal índice o ibovespa reflete exatamente as tendências do mercado quanto aos cenários positivos ou negativos. Isso quer dizer que o “mercado” gosta de estabilidade demonstrando segurança aos investidores, pois caso contrário, as empresas dificilmente se manifestarão no sentido de tomar decisões de investimentos em expansão de seus processos produtivos ou mercados, criando novas vagas de postos de trabalho, contribuindo assim com o emprego, geração de renda e consequente aumento da demanda por parte dos consumidores.

Se no momento atual brasileiro constata-se que existe a urgente necessidade de incentivar o consumo das famílias e como as políticas públicas não estão conseguindo a estabilidade almejada pelo mercado para criação de emprego e renda, os governantes estão empenhados em emergencialmente colocar mais dinheiro a disposição da população através da redução da taxa de juros, a SELIC, esperando baratear o crédito, além de liberar dinheiro das contas do FGTS e antecipar o pagamento da primeira parcela do 13º salário a aposentados e pensionistas, medidas que não resolvem, mas ajudam em função do momento turbulento.

Assim considera-se que em função da citada alta sensibilidade do “mercado”, é obvio que este não suporta a geração de notícias que possam provocar a instabilidade imediata, pois já está difícil para a economia brasileira conviver com um cenário internacional recessivo em função da guerra comercial entre as superpotências EUA e China que são os maiores mercados para produtos brasileiros, além do nosso terceiro maior parceiro comercial, a Argentina também se encontra em recessão de grande escala, estão ocorrendo muitas informações desencontradas sobre políticas públicas no Brasil, a todo o momento provocam instabilidades que o “mercado” não aceita, não suporta, provocando queda nas Ações de empresas e índice da Bolsa, com consequentes fugas para o dólar e outros ativos ou centros financeiros mais seguros.

Concluindo, a estabilidade econômica pode até ser abalada em função de seus fundamentos e cenários internacionais, mas não pode ser por notícias internas propagadas a todo o momento demonstrando falta de planejamento da gestão pública.

Prof. Dr. Ivan Moraes
Graduado em Economia e Administração
Doutor em Ciências Empresariais
Docente da FAFIMAN/Mandaguari-Pr. e ATOPP BRASIL/Londrina-Pr.

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