“Eu respiro teatro, é o amor da minha vida”

É o que cometa Márcio Cledson em entrevista ao Correio de Notícias

Nos dias 31 de outubro e 1 de novembro acontece, em cinco sessões gratuitas, o espetáculo “A Bruxinha que era Boa”, que tem a direção de Márcio Cledson, 48 anos, que é apaixonado por teatro, cultura e arte e desde “sempre” luta para formar grandes peças teatrais, com pessoas de nossa comunidade, que merece ser contada e divulgada, pois realiza um brilhante trabalho em nossa cidade

Nascido em Mandaguari, Cledson é filho de Pedro Simois e Igenir Carnelossi Simois. E para a entrevista escolheu o anfiteatro da Fafiman (Fundação Faculdade Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari). “Eu escolhi conversar com o Correio de Notícias aqui no palco da faculdade, pois é o lugar que eu tenho mais intimidade, onde me sinto mais à vontade, e também é onde os ensaios das minhas peças são feitos”, revelou Márcio.

Cabeleireiro e maquiador por formação, mas o amor pelo teatro corre em suas veias. “Quando criança, eu estudava no Colégio São Vicente Pallotti, e nessa época começamos um trabalho escolar com a professora Maria José, que até hoje está aí, e tínhamos que fazer a apresentação do Pagador de Promessas de Dias Gomes, e eu era o repórter Carijó. Os alunos tinha a responsabilidade de ensaiar. Embora eu estivesse um papel pequeno nessa peça, me envolvi e no final da história estava dirigindo meus amiguinhos”, comentou.

“E aí foi criando um vínculo com situações culturais da escola. Na época de festas juninas, os professores me tiravam da sala de aula para ensaiar outros alunos. Fazíamos quadrinhas diferentes e que todo mundo gostava. Resgatávamos situações de quando vi quando era bem criança e na época não tinha mais, por exemplo o pau de fita. As pessoas que via as apresentações adoravam”, disse Cledson.

Muito envolvido com as atividades culturais, os professores viam que ele tinha esse diferencial e que sua carreira profissional penderia para esse lado artístico. “Deve muito a Maria José, Maria José Teixeira, Irene Bugni, Elza Marteli – que era professora de matemática, porém me incentiva e até hoje me apoia muito. Então, naquela época, a escola me cobrava as matérias básicas, mas sabiam que seria ligado à Cultura de algum modo. Quantas vezes o professor Toshio me liberou das aulas de Educação Física para eu poder ir atrás de assuntos de fanfarra, teatro, cultura, arte”.

Passados alguns anos Cledson se torna professor de passarela e etiqueta.  “Dei aula no Senac, formei inúmeras pessoas, outros deram certo outros não. A minha formação foi a vida mesmo, pois sempre brinco quando alguém me questiona se nem o curso de Artes Cênicas eu tenho, já respondo que vão passar tudo o que eu sei. Quando eu era manequim, onde eu desfiava para o Nei Galvão e para o Clodovil não me prendia em apenas desfilar, chegava cedo, ajudava a montar o palco, via como era feito tudo. Arruma a roupa de outros manequins que trabalhava comigo. E com a humildade em ajudar, fui aprendendo muito, principalmente os bastidores, e isso foi fundamental para que hoje eu possa desenvolver o meu trabalho”, relatou.

Na gestão do ex-prefeito Alexandre Elias Nacif, o Xandu, Cledson inicia os trabalhos no setor de Cultura do município. “Teve um Festival de Inverno em Ouro Preto e me mandaram para lá, onde eu iria representar a nossa cidade e participar dos workshops que eram ministrados por lá. Fiquei encantado por tudo aquilo que vi e eu queria mais. Minha formação era de cabeleireiro e maquiador, mas eu não queria ficar preso em um salão. A minha estadia nesse festival foi um marco na minha vida”, explicou.

“Me apaixonei pelo teatro circense, queria estar na televisão. Entrei como cabeleireiro na TV Record de São Paulo e lá trabalhei durante quatro anos, onde tive contato com inúmeros artistas. Alguns dá vontade de levar pra casa, outros a gente vê aparecendo ainda na TV e fica se questionando: será que mudou as suas atitudes? pois eram de difícil relacionamento”, contou Márcio.

Para ele, a experiência de trabalhar na TV foi fantástica. “Queria estar lá, mesmo que não fosse para limpar o chão. A minha vida mudou muito. Embora o salário era pouco, abri mão de receber um bom dinheiro para poder realizar o meu sonho. A competitividade era grande. Trabalhei na época da saída da Ana Maria Braga. Trabalhei com Eliana, Raul Gil, Claudete Troiano, Luiza Brunet que era a minha paixão na época que era manequim, ficamos conversando e falando da vida”, disse.

“Várias vezes chorei lá dentro. Muitos artistas não são aquilo que aparece na telinha. Um dia discuti feio com a Mara Maravilha, que era tão estrela que maltratava as pessoas que estava ali para servir ele. Ocorreu a discussão, disse que ela como evangélica não poderia fazer aquilo. Nisso ela me deu um abraço e a gente chorou”, contou Cledson.

Outro ponto que marcou a vida de Márcio na TV foi a participação nos debates políticos. “Maquiei o Lula, quando ele foi candidato a presidente. Cada cabeleireiro da casa era responsável por um político. Era uma correia. Hoje quando vejo um debate sei tudo o que está se passando nos bastidores, pois vivi isso. Trabalhei nisso”.

Após os anos em São Paulo, Márcio vai atrás do seu crescimento profissional, e na gestão do ex-prefeito Cileninho, ele volta a trabalhar na Cultura de Mandaguari. “Fizemos várias atividades, inclusive retornamos com a Paixão de Cristo, que começamos a fazer na primeira passagem minha pela prefeitura. Era fantástico, sempre com novidades. Um ano nós fizemos no Campo do MEC, todo mundo ficou surpreso com isso. Na outra oportunidade colocamos os cavaleiros montados em seus cavalos no Xanduzão. O Sancler que era do Esporte na época queria me matar, mas ele viu o quanto a população gostou e me parabenizou depois”.

“Teve um ano em que enforcamos Judas. Os bombeiros foram previamente avisados e montamos uma cena fantástica em que o ator se enforca de verdade, mas com total segurança. Parecia real”, se recorda.

Hoje Cledson está trabalhando com crianças de diversas escolas de Mandaguari, onde esse ano ele já fez as peças: Pequeno Príncipe, Pluft o Fantasminha, que inúmeras Secretarias de Cultura fizeram o convite para que os atores se apresentassem em suas respectivas cidades, porém para não esgotar as crianças, foi aceito em apenas duas. “Agora estamos esperando a nossa população para conferir ‘A Bruxinha que era Boa’ que está demais. Os atores da peça estão muito empenhados para fazerem o melhor”.

“No início do ano, eu tinha firmado um compromisso que iria realizar três grandes peças na cidade, e isso está acontecendo. Em 2017 muitas novidade estarão por vir, eu garanto”, finalizou Cledson.

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