Mandaguari conquistou destaque nacional ao ser reconhecida no Prêmio Gestor Público Paraná pela criação do programa “Cannabis no SUS”. A iniciativa, considerada pioneira no Brasil, distribui desde 2023 medicamentos à base de cannabis medicinal a pacientes diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA) e epilepsia refratária.
O programa nasceu de uma demanda urgente: famílias que, até então, dependiam da importação de medicamentos a preços elevados, muitas vezes inacessíveis. Com investimento de aproximadamente R$ 700 mil, a Prefeitura já distribuiu mais de mil frascos, atendendo atualmente 49 pacientes com idades entre 3 e 60 anos. Para muitos deles, o acesso gratuito ao tratamento representa mais do que economia — é a possibilidade de viver com dignidade.
“Mandaguari se tornou o primeiro município do sul do Brasil a fornecer medicamentos à base de cannabis pelo SUS. Hoje, aproximadamente 60 a 65 famílias recebem o medicamento mensalmente, e o serviço continua a todo vapor, tornando Mandaguari referência na medicina canábica”, afirmou o ex-vereador Sidney da Silva, autor da lei que deu origem ao programa.
Apesar de a proposta inicial prever a produção local do medicamento, as exigências da Anvisa ainda obrigam a importação. Mesmo assim, o impacto é inegável: relatos de pacientes e familiares apontam para melhora significativa na qualidade de vida, tanto em crises epilépticas quanto nos sintomas de autismo.
O reconhecimento veio em meio a uma seleção criteriosa: entre 137 iniciativas inscritas por 45 municípios, apenas 35 foram premiadas. A cerimônia oficial de entrega do prêmio será realizada em 21 de outubro, na Assembleia Legislativa do Paraná.
Além de Mandaguari, outras cidades da região também se destacaram. Maringá levou três prêmios e Sarandi, um, em projetos voltados à saúde, educação, inclusão digital e desenvolvimento sustentável. Ainda assim, foi Mandaguari quem atraiu olhares de especialistas e gestores pela ousadia em enfrentar um tema ainda cercado de tabus no Brasil.
No coração de uma cidade de médio porte, um programa público de saúde rompeu barreiras e se tornou exemplo de como políticas locais podem redesenhar a forma como o país enxerga a medicina.
