Obra na PR-364 é paralisada após descoberta de fósseis mais antigos que dinossauros no Paraná

A pavimentação da PR-364, entre Irati e São Mateus do Sul, no centro-sul do Paraná, foi interrompida depois que fósseis de animais pré-históricos foram encontrados na região. O material, segundo pesquisadores, pertence ao Mesosaurus brasiliensis — um dos primeiros répteis aquáticos conhecidos, que viveu há cerca de 280 milhões de anos, muito antes dos dinossauros.

A decisão de suspender as obras foi tomada após o cancelamento da licença ambiental, atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF). O órgão apontou que o Instituto Água e Terra (IAT) havia concedido a licença sem consultar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável por avaliar possíveis impactos sobre o patrimônio arqueológico e paleontológico.

O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), responsável pelo projeto, informou que busca alternativas para retomar a obra ou redesenhar o trecho afetado. Até a paralisação, 52,7% dos serviços estavam concluídos. O projeto inclui 1,6 quilômetro de pavimentação e um viaduto no entroncamento com a BR-153, com investimento total de R$ 23,7 milhões.

As atividades foram suspensas oficialmente na sexta-feira (10), após a publicação da portaria que cancelou a licença. “O cronograma será atualizado assim que a situação for resolvida”, informou o DER em nota.

Fósseis sob o asfalto

A descoberta de fósseis na região não é recente. Meses atrás, trabalhadores que atuavam em obras na BR-153 já haviam encontrado restos de animais semelhantes. Desde então, o material vem sendo estudado por pesquisadores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava.

Para o MPF, a continuidade da pavimentação sem uma avaliação técnica do Iphan representaria um risco ao patrimônio histórico e natural. A procuradora da República Monique Cheker, autora da recomendação, defendeu que o caso exige um novo processo de licenciamento, com estudos arqueológicos e paleontológicos detalhados.

“A preservação desse tipo de achado é essencial para compreender a história da vida na Terra e para proteger o patrimônio cultural e ambiental da União”, afirmou Cheker.

O MPF também solicitou que o Iphan realize uma vistoria técnica na área, para avaliar se o avanço das obras causou algum dano ao sítio paleontológico.