Vítima de uma armadilha montada dentro da Cocari, Clóvis Hamessi, foi inocentado na Justiça

Vítima de uma armadilha montada dentro da Cocari (Cooperativa Agropecuária e Industrial de Mandaguari), que contou com a ajuda do presidente, alguns membros da diretoria e de parte da imprensa local, Clóvis Hamessi, que recentemente foi inocentado na Justiça, das acusações de desvio de cargas, abriu seu coração, em uma entrevista exclusiva ao Jornal Correio de Notícias, falando de toda a sua situação.

No ano de 2014, a Cocari fez a denúncia, alegando que Hamessi, então gerente da unidade de Rações em Mandaguari, estaria desviando cargas e causando um prejuízo de milhões de reais à cooperativa. À época, o Jornal Agora fez uma reportagem, com a manchete “Mal Feito”, porém com apenas informações repassadas pela empresa, e em nenhum momento o procurou para dar sua versão sobre o caso.

Hamessi conta que iniciou os trabalhos na Cocari, no final de 1988. “Fui contratado pela Employer [empresa especializada em Recursos Humanos], e passei por todos os setores da ração. À época tinha apenas uma máquina que fazia rações para aves. Com certa insistência, eu e mais algumas pessoas conversamos com o doutor Décio Bacelar [in memoriam] para que a empresa comercializasse rações pet, que víamos um mercado forte e que a Cocari iria apenas ganhar com isso. E assim se fez. Quando fui gerente, o lucro das rações eram mais de R$ 4 milhões, e na maioria das vezes, eu era tido como gerente destaque de toda a cooperativa, e isso causava inveja em muita gente”.

Segundo Hamessi, o responsável pelo crescimento e vendas das Rações Cocari era Tarcísio Sorato, que morreu em 2009. “O Tarcísio foi uma dessas pessoas que conversaram com o doutor Décio. Ele investiu muito na divulgação das rações. Participava da maioria das feiras pet, em vários lugares do Brasil. Foi muito dinheiro, que ele investiu. A Sorato Representações, de sua propriedade, era responsável por 80% das vendas das rações Cocari”, comentou.

O desentendimento de Clóvis com o presidente da Cocari, Vilmar Sebold, teve início após a morte de Sorato. “Como a empresa dele era altamente lucrativa, e gerava altos faturamentos, e isso causava muito inveja. Com sua morte, o presidente queria colocar outra empresa de representações no lugar, para vender e usar toda a estrutura que a Sorato Representações tinha conquistado no mercado brasileiro. Ele conversou com o Luiz Rocha, que na hierarquia estava acima de mim, e me relatou. Com isso, compramos essa briga e não deixamos que isso acontecesse, que a Sorato e a própria Cocari fossem prejudicados”.

No episódio, Hamessi conversou com a viúva e com a filha de Sorato, e ajudou elas na continuidade na empresa. “Infelizmente o Tarcísio morreu, algo muito triste, porém, um dia depois da sua morte, o presidente queria colocar alguém no seu lugar. Não deixamos, e como eu já tinha experiência, devido aos meus anos trabalhados e minha amizade com o Tarcísio, comecei a ajudar a sua esposa”, explicou.

Logo após, as coisas na unidade de Rações começaram a mudar. “Foi feito um complô contra a minha gerência e eu”.

“Certo dia, o Vilmar veio conversar comigo, disse que iria destruir a minha vida. Na hora eu pensei que fosse me mandar embora, ou algo do tipo. Nunca imaginei que iria fazer uma trama dessa, tentando me destruir”.

Em 2014, seis funcionários da unidade de Rações foram afastados e posteriormente demitidos, entre eles Clóvis Hamessi. “Houve a denúncia de que eu estaria desviando cargas, o que era mentira. O que acontece é que quando chega um caminhão de milho [principal matéria-prima das rações] é coletado um balde, para que seja feita a análise. Se for aprovada, segue para a produção, se não, é feito o descarte, e no descarte, qualquer pessoa pode pegar, pois o material não é propício para a fabricação de ração, ou seja, descarte, que não era aproveitado, mas pode muito bem alimentar os animais, e muita gente pegava esses milhos”,

“Havia no fundo da fábrica um local para o descarte dos resíduos do laboratório: milho contaminado, resto de rações da extrusora, milho de limpeza dos silos, etc, e qualquer funcionários poderiam levar, inclusive carroceiros que não tinham nenhum vínculo com a empresa”, relatou.

“Com isso, viram a oportunidade de me denunciar. Foi quando a Cocari se utilizou da imprensa para acabar com a minha vida. mas com a fé que tenho em Deus, disse que iria reverter essa situação”.

Hamessi contratou o advogado, doutor Marcelo Aparecido Camargo, que é um dos principais advogados criminalista do Estado do Paraná. Residente em Londrina, porém seu trabalho é reconhecido por toda a parte, e também concedeu uma entrevista ao Correio de Notícias. “O que a Cocari fez com o Clóvis é algo desumano. Além de acusá-lo injustamente, ligaram para todas as empresas, dizendo que ele estava preso, por que tinha roubado a cooperativa. Agora eu pergunto: como é que se rouba uma empresa, segundo eles um roubo milionário, sendo que as rações davam um lucro de mais de R$ 4 milhões?, e de três em três meses acontecia auditoria no local?”, disse o advogado.

“Quando o Clóvis nos contou a sua história, eu fiquei profundamente comovido, e aceitei defendê-lo, e conseguimos as provas necessárias, inclusive com o Ministério Público dizendo que não via crime nas ações. Ele foi inocentado”, explicou.

Após a sentença, os advogados da Cocari recorreram da decisão judicial. “Nós estamos encaminhando para a Justiça, um pedido para que haja um indenização contra a Cocari. A cooperativa acabou com a vida e com a moral do Clóvis. Nosso pedido gira em torno de R$ 2 milhões, mas vamos aguardar qual é o valor que a Justiça vai estipular”, concluiu o advogado.

Hamessi ainda comentou: “Tudo o que conquistei foi graças ao meu esforço e meu trabalho. Minha família é uma família tradicional, meu pai, o Jorge Hamessi foi vereador em vários mandatos, nunca ocorreu algo que desabonassem o nome dos Hamessi. Eles tentaram me destruir, porém a Justiça falou mais alto, graças à Deus”, finalizou.

A senteça saiu no dia 6 de setembro, inocentando Clóvis Hamessi e outros cinco funcionários, que foram demitidos à época. Apenas os advogados da cooperativa recorreram da decisão, o Ministério Público não.

Clóvis Hamessi é especialista em Nutrição Animal, com vários cursos na área de petfoods (animais de estimação). Também é especialista em administração empresarial, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em Marketing de Varejo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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